SAPATO PARA IDOSO: escolher o modelo certo evita quedas

6 dicas desenvolvidas por especialistas para aprender como melhorar o bem-estar e a evitar o risco de quedas, fazendo a escolha certa do sapato para idoso.

SAPATOS PARA IDOSOS: COMO MINIMIZAR O RISCO DE QUEDA?

Escolher os sapatos para idosos é tarefa que deve ser levada a sério, assim como qualquer outra atividade que se relacione ao bem-estar das pessoas com mais de 60 anos (segundo o Estatuto do Idoso, essa é a idade para a pessoa ser considerada idosa).

O calçado é a interface entre o corpo e a superfície de suporte e pode afetar potencialmente o equilíbrio, aumentando o risco de queda. Estudos mostram que calçados inapropriados estão envolvidos em 45% dos casos de quedas em idosos, e o uso de chinelos aumenta exponencialmente esse risco.

Os efeitos do pós-queda podem ser ainda mais devastadores, chegando a causar distúrbios emocionais e depressão, pois alguns casos exigem que o idoso aumente sua dependência de outras pessoas. 

Dor, mobilidade reduzida, deformidades nos dedos e joanete são algumas das outras consequências que o uso de sapatos inadequados para idosos podem causar.

Existem diversas ações que podem – e devem – ser tomadas para reduzir o risco de queda no idoso. No entanto, começar buscando uma orientação profissional para a escolha de sapato para idoso é imprescindível, inclusive para a população acima dos 60 anos e não apenas para os idosos mais velhos. 

Ainda que o idoso não apresente nenhum problema de mobilidade e tenha uma vida ativa, é fundamental priorizar o seu conforto com os sapatos adequados, para que continue realizando suas atividades rotineiras com confiança e não se machuque. 

MAIS FATORES RELACIONADOS ÀS QUEDAS DE IDOSOS

Outros fatores devem ser observados em relação aos sapatos, quando se trata de reduzir a queda no idoso: o uso de salto maior que 2,5 cm dobra o risco de queda, além de diminuir a sensação de conforto e a percepção de equilíbrio. 

Especialmente para mulheres idosas que gostam de utilizar salto alto: eles não estão proibidos, mas recomendamos atenção redobrada ao modelo, que não deve ser muito alto, bem como, com o local em que ele será usado. Explicamos: evite usar sapatos de salto alto em lugares com muitos desníveis e esburacados, como calçadas, ou que tenham pisos muito escorregadios (pisos cerâmicos ou de porcelanato). 

Estudos conduzidos por pesquisadores de fisiologia aplicada e biomecânica apontam que saltos mais altos e solas macias não são recomendados para idosos, sendo o ideal utilizar um sapato bem amarrado com colar baixo e sola de dureza ótima. Falaremos mais sobre como escolher os melhores sapatos para idosos ao longo do artigo.

É importante falar sobre a questão do solado, pois pessoas idosas, especialmente aquelas com déficits somatossensoriais (quando os subsistemas que transmitem ao cérebro sinais sobre vários aspectos do corpo começam a falhar) tendem a considerar o calçado com solas macias como confortável e estável, o que configura um perigo iminente. O solado macio aumenta a instabilidade da superfície, ocasionando maior oscilação postural e aumentando o risco de quedas. 

Andar descalço ou de meia também não são alternativas viáveis, uma vez que vários estudos demonstraram o aumento do risco de queda nessas situações.

SAPATOS PARA IDOSOS E O PÉ DIABÉTICO

O pé diabético é uma complicação decorrente da diabetes e demanda atenção redobrada com a escolha dos sapatos adequados. A pessoa acometida pela Diabetes Mellitus (tipo DM1 ou DM2) corre o risco de sofrer de neuropatia diabética, uma condição que afeta as extremidades do corpo, como os pés.

Neste caso, a pessoa que apresenta o pé diabético sofre com a diminuição da sensibilidade para dor e temperatura, por exemplo. Então, caso haja uma lesão, há risco de a pessoa com diabetes não perceber e essa ferida evoluir, infeccionar e até causar uma amputação.

Dois fatores de risco que agravam a condição da pessoa com diabetes são:

  • andar descalço: os dedos e o pé, de forma geral, ficam sem proteção contra arranhões, perfurações, quedas de itens e topadas;
  • sapato inadequado: podem descompensar o peso do corpo em determinados pontos nos pés, causando úlceras por pressão; se tiverem bicos estreitos, podem apertar os dedos, causando calos e deformações nas unhas. 

Especialmente para idosos, a diabetes vinculada ao uso de sapatos inadequados é uma grande vilã. Afinal, com o passar dos anos, as pessoas tendem a ter menos mobilidade para realizar o autoexame visual dos pés, atividade indispensável para reduzir a evolução de lesões nos membros inferiores. Por esse motivo, é fundamental que a pessoa diagnosticada com pé diabético passe regularmente por uma avaliação de especialistas.

Estes profissionais são capazes de identificar o grau de risco para o desenvolvimento de lesões nos pés, prestar as orientações para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida e indicar os melhores modelos de sapatos para idosos com diabetes.

6 DICAS PARA ESCOLHER OS SAPATOS PARA IDOSOS

É essencial que o calçado escolhido seja confortável, fácil de usar e aceito esteticamente. Mas, as pesquisas indicam que para um calçado ser adequado do ponto de vista de manutenção do equilíbrio e controle postural das pessoas idosas, ele deve apresentar:

  • Salto baixo e amplo

Altura do salto de até 2,5 cm e, de preferência, grosso. Salto alto afeta o equilíbrio estático e dinâmico, enquanto saltos estreitos estão relacionados com um maior número de fraturas em mulheres acima de 45 anos.

  • Altura adequada do colar

Calçados com colar alto (botas/cano alto) melhoraram a performance de mulheres idosas em teste de equilíbrio. O colar alto funciona como um input sensório extra, facilitando a propriocepção da articulação do tornozelo.

  • Contraforte alto 

Fornece maior estabilidade do calcâneo durante a marcha, evitando movimentos de pronação ou supinação excessivos, isto é, torção ou rotação dos pés. 

sapato
Localização do colar e do contraforte nos sapatos para idosos. Fonte: arquivo Stay Care

  • Numeração certa 

Os sapatos para idosos não podem ser menores e nem maiores do que a numeração certa. Se o calçado for maior, causará insegurança; se for menor, provocará incômodo, e ambas são condições que prejudicam o equilíbrio do idoso ao caminhar.

  • Dureza e formato da solacalcaneo

Aumento da estabilidade através de maior contato com a base de suporte. As pessoas costumam andar mais rápido e com passos maiores em superfícies usuais quando utilizam calçados de sola adequada. O solado deve ser maior na região de calcâneo quando em comparação com a região do ante pé. Artigos apontam para medidas de 18 e 25 mm, respectivamente.

  • Solado antiderrapante

Costuma ser mais firme e evita que a pessoa idosa escorregue, situação que normalmente precede a queda.

Por último, mas não menos importante: caso o idoso seja ativo, é natural que os sapatos que ele utiliza com mais frequência se desgastem mais rapidamente. Não é indicado que se insista em calçados deformados, pois, dentre os problemas decorrentes do uso intenso, os sapatos perderão sua capacidade antiderrapante e causarão desestabilidade aos pés, facilitando a queda do idoso. 

BUSCANDO CUIDADOS ESPECIALIZADOS PARA IDOSOS?

Depois de uma queda, o idoso precisará de um acompanhamento para os cuidados com as feridas causadas pelo acidente. Nem sempre um familiar ou amigo tem condições de realizar esse acompanhamento, e existem casos em que o tratamento das lesões na derme demandam um profissional especializado.

O agravamento é ainda maior em situações de lesões em idosos com diabetes, cuja atenção à cicatrização e à evolução da ferida devem ser feitas por um especialista. Os profissionais mais indicados são aqueles com graduação em Enfermagem, pós-graduação em Enfermagem Dermatológica, Estomaterapia ou Podiatria, ou capacitações em Procedimentos Podiátricos.

Além do tratamento das lesões existentes (hematomas e feridas) e pré-ulcerativas (calos e fissuras, por exemplo), estes profissionais têm competências para orientar medidas preventivas e corretivas para evitar novas quedas dos idosos, através de orientações para pacientes, familiares, amigos e mesmo outros profissionais de saúde, bem como:

  • indicação dos calçados adequados;
  • inspeção dos calçados e meias; e
  • exame regular dos pés diabéticos de idosos.

A Stay Care pode ajudar! Somos uma rede de franquias especializada em cuidados com as pessoas com feridas agudas e crônicas, fistulas, cateteres, drenos, estomias (gastrostomias, colostomias, derivações urinárias/urostomias, entre outros), alterações e/ou lesões nos pés e unhas, e incontinência urinária e anal.

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REFERÊNCIAS

Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos Diário da Justiça Eletrônico. Lei No 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em 27 fev. 2021.

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Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. Como reduzir quedas no idoso. Disponível em: <https://www.into.saude.gov.br/lista-dicas-dos-especialistas/186-quedas-e-inflamacoes/272-como-reduzir-quedas-no-idoso>. Acesso em 28 fev. 2021.

Moraes, Ana Luísa. A real importância de escolher o calçado certo na terceira idade. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/a-real-importancia-de-escolher-o-calcado-certo-na-terceira-idade/>. Acesso em 27 fev. 2021.
Tencer AF, Koepsell TD, Wolf ME. Biomechanical properties of shoes and risk of falls and older adults. J Am Geriatr Soc 2004; 52:1840-6.